A CLÍNICA E A PATOLOGIA DOS SISTEMAS
A CLÍNICA E A PATOLOGIA DOS SISTEMAS
Nuno Félix da Costa
Edição Companhia das Ilhas
2020
ISBN: 978-989-9007-09-3
[Prosa]
EXCERTOS
1. Um livro, uma temática, uma narrativa, uma prática – e um propósito (um comprometimento): a clínica. Ainda que o propósito seja a destruição (análise) de algo nebuloso e mágico que persiste na clínica ou a extensão do pensamento clínico às problemáticas que o humano toca (às problemáticas que o humano cria, às que sofre, às que assiste com maior ou menor angústia). Um livro sobre o humano que se faz, que adoece e que se desfaz; sobre as atitudes face ao que degenera, sobre os níveis a que o humano adoece, dentro e, também, fora do corpo – no sistema. E as intervenções: os seus sucessos, os seus custos bem como os das não-intervenções e das sobre-intervenções – como na pessoa, também no sistema (…)
2. Um livro, um discurso sobre a clínica ou discursos vários, cada um com uma coerência própria? Um livro, uma voz autoral, um estilo chegarão a constituir-se e articular conteúdos tão diversos como os que a clínica toca, num discurso coerente? A ideia geral é a abrangência e a universalidade do pensamento clínico, portanto a sua virtual riqueza. Também a sua versatilidade. (…)
3. Tal como o definimos, o âmbito deste livro dificilmente permite um fecho. A obra não se completa, não se deixa completar. É a tradição de muitos médicos e enciclopedistas de diversas épocas passadas que ao pretenderem abarcar o saber de que é feita a clínica se espraiaram em dezenas de livros. Aconteceu com al-Razi (865-925), de Rayy, um alquimista também interessado em medicina, com Ibn Sina, conhecido no ocidente como Avicena, (980-1037), de Bukhara, que escreveu uma importante enciclopédia de medicina em meia dúzia de livros, com Roger Bacon, com Maimonides, com Paracelso, com Sydenham e com muitos outros. Sempre a impressão de que falta o essencial. E é claro que falta. Na clínica talvez não haja um essencial absoluto. Pelo menos formulável. (…)